«Vamos começar!» Foram estas as palavras de ordem que deram início ao 23º Jamboree, acampamento mundial de escoteiros, que está a decorrer em Yamaguchi, no Japão. Numa arena repleta, com 34 mil escuteiros de mais 150 países e territórios, Takayasu Okushima, o chefe de campo, encorajou os participantes a viverem todos sob o lema da unidade e deixou um pedido especial. «Se puderem, tentem encontrar os escoteiros japoneses que estiveram a ajudar na reconstrução depois do tsunami. Apesar de todos os seus trabalhos, ainda arranjaram forças para virem ao Jamboree e penso que podem aprender muito com eles», referiu aos presentes.
A cerimónia teve início ao fim da tarde, quando entraram em palco a girls band Kassei Gakuen, de Yamaguchi. Depois do presidente da prefeitura de Yamaguchi ter saudado os presentes e os ter encorajado a «visitar a cidade de Yamaguchi, que está à vossa espera», os DaDaDan Tenko trouxeram uma atuação de tambores e outros instrumentos japoneses que deixou toda a gente em êxtase, a aguardar o ponto alto da noite.
Já o sol se tinha posto quando começaram a desfilar no palco as bandeiras de todos os países participantes, o momento mais aguardado em todas as cerimónias de acampamentos mundiais. Apesar da prolongada apresentação, porque cada país desfilou individualmente, houve direito a aplausos dos participantes que, entusiasmados, puxaram pelo seu país e respeitaram em silêncio a apresentação de todos os outros. Provas de um respeito e unidade que não deixa ninguém indiferente.
Um Jamboree que também serve para perceber como mudar o mundo
A fechar a noite, e já depois da tradicional renovação da Promessa, ato no qual todos os escoteiros prometeram de novo cumprir os seus deveres para com Deus, a Igreja e a pátria, auxiliar os seus semelhantes em todas as circunstâncias e obedecer à Lei do Escuta, João Armando Gonçalves, o português presidente do Comité Mundial da Organização Mundial do Movimento Escotista e chefe mundial de todos os escoteiros, subiu ao palco para discursar.
«Como vocês, sinto-me privilegiado por estar aqui a viver esta oportunidade rara. Estamos num campo no Japão, mas é como se o mundo todo estivesse aqui, a viver connosco», começou por dizer o chefe João Armando, tendo sido aplaudido por todos.
Num discurso curto, o chefe mundial dos escoteiros referiu que «quando nos encontramos num Jamboree, descobrimos a necessidade de trabalharmos juntos para encontrarmos soluções para os desafios que nos afetam a todos, como a pobreza, as mudanças climáticas, a falta de educação, e muitos outros. Sim, o Jamboree Mundial é também uma oportunidade de estarmos mais atentos aos desafios e a explorarmos a forma de podermos contribuir para os ultrapassarmos nas nossas comunidades, e no mundo. Isto, sim, é criar um Mundo Novo», defendeu.
João Armando Gonçalves recordou-se ainda da primeira vez em que participou num Jamboree Mundial, como dirigente, e um dos jovens com quem ele veio o abordou com uma opinião. «”Chefe, sabe, este Jamboree… é assim que o mundo devia ser”. Eu percebo o que ele quis dizer, porque desenvolveu uma ideia bem mais clara de como o mundo poderia ser melhor, e como nós outros podemos ser parte dessa mudança», contou.
Por isso, uma das suas últimas palavras foi de conselho. «Em cada um dos 12 dias que faltam, sugiro-vos que façam o vosso melhor para estarem abertos aos outros; que tentam uma nova experiência; que aprendam algo novo; que façam um novo amigo; que partilhem uma ideia; que descubram um país novo. Estou certo que, se fizerem estas coisas, irão para casa no final da atividade mais ricos e com uma experiência que vão lembrar para toda a vida», concluiu.
Com a abertura do acampamento, terão início as atividades gerais de campo, que consistem em várias dinâmicas diferentes, que passam por visitas a Hiroshima, atividades aquáticas, relacionadas com Cultura, Desenvolvimento e Natureza, sem esquecer a vertente de serviço à comunidade.
No final da cerimónia, Ana Ferreira, chefe do contingente português, mostrou-se muito satisfeita. «O ambiente estava fantástico, sentia-se no ar a antecipação e a energia: bandeiras esvoaçantes, danças, palmas e interação entre todos. Não interessa a língua que se fala, pois aqui estamos todos em comunhão com algo que nos une – os princípios e ideais do escotismo», referiu a dirigente.
Se tudo isto impressiona um adulto, mais ainda um participante. «Para um jovem que participa numa atividade internacional, a cerimónia de abertura é sem dúvida uma das experiências mais marcantes: é o visualizar a manta colorida composta pelos elementos diferentes de cada contingente e perceber a diversidade intrínseca na mesma. É sentir ali, no imediato, a dimensão que o escutismo abrange, tanto em termos geográficos como culturais. Sem dúvida é vivenciar de uma forma mais intensa a fraternidade escutista», concluiu.