quarta-feira, 29 de julho de 2015

Jamboree iniciou com votos de que os escuteiros sejam agentes de "mudança" no mundo


«Vamos começar!» Foram estas as palavras de ordem que deram início ao 23º Jamboree, acampamento mundial de escoteiros, que está a decorrer em Yamaguchi, no Japão. Numa arena repleta, com 34 mil escuteiros de mais 150 países e territórios, Takayasu Okushima, o chefe de campo, encorajou os participantes a viverem todos sob o lema da unidade e deixou um pedido especial. «Se puderem, tentem encontrar os escoteiros japoneses que estiveram a ajudar na reconstrução depois do tsunami. Apesar de todos os seus trabalhos, ainda arranjaram forças para virem ao Jamboree e penso que podem aprender muito com eles», referiu aos presentes.

A cerimónia teve início ao fim da tarde, quando entraram em palco a girls band Kassei Gakuen, de Yamaguchi. Depois do presidente da prefeitura de Yamaguchi ter saudado os presentes e os ter encorajado a «visitar a cidade de Yamaguchi, que está à vossa espera», os DaDaDan Tenko trouxeram uma atuação de tambores e outros instrumentos japoneses que deixou toda a gente em êxtase, a aguardar o ponto alto da noite.

Já o sol se tinha posto quando começaram a desfilar no palco as bandeiras de todos os países participantes, o momento mais aguardado em todas as cerimónias de acampamentos mundiais. Apesar da prolongada apresentação, porque cada país desfilou individualmente, houve direito a aplausos dos participantes que, entusiasmados, puxaram pelo seu país e respeitaram em silêncio a apresentação de todos os outros. Provas de um respeito e unidade que não deixa ninguém indiferente.

Um Jamboree que também serve para perceber como mudar o mundo
A fechar a noite, e já depois da tradicional renovação da Promessa, ato no qual todos os escoteiros prometeram de novo cumprir os seus deveres para com Deus, a Igreja e a pátria, auxiliar os seus semelhantes em todas as circunstâncias e obedecer à Lei do Escuta, João Armando Gonçalves, o português presidente do Comité Mundial da Organização Mundial do Movimento Escotista e chefe mundial de todos os escoteiros, subiu ao palco para discursar. «Como vocês, sinto-me privilegiado por estar aqui a viver esta oportunidade rara. Estamos num campo no Japão, mas é como se o mundo todo estivesse aqui, a viver connosco», começou por dizer o chefe João Armando, tendo sido aplaudido por todos.

Num discurso curto, o chefe mundial dos escoteiros referiu que «quando nos encontramos num Jamboree, descobrimos a necessidade de trabalharmos juntos para encontrarmos soluções para os desafios que nos afetam a todos, como a pobreza, as mudanças climáticas, a falta de educação, e muitos outros. Sim, o Jamboree Mundial é também uma oportunidade de estarmos mais atentos aos desafios e a explorarmos a forma de podermos contribuir para os ultrapassarmos nas nossas comunidades, e no mundo. Isto, sim, é criar um Mundo Novo», defendeu.

 
João Armando Gonçalves recordou-se ainda da primeira vez em que participou num Jamboree Mundial, como dirigente, e um dos jovens com quem ele veio o abordou com uma opinião. «”Chefe, sabe, este Jamboree… é assim que o mundo devia ser”. Eu percebo o que ele quis dizer, porque desenvolveu uma ideia bem mais clara de como o mundo poderia ser melhor, e como nós outros podemos ser parte dessa mudança», contou. Por isso, uma das suas últimas palavras foi de conselho. «Em cada um dos 12 dias que faltam, sugiro-vos que façam o vosso melhor para estarem abertos aos outros; que tentam uma nova experiência; que aprendam algo novo; que façam um novo amigo; que partilhem uma ideia; que descubram um país novo. Estou certo que, se fizerem estas coisas, irão para casa no final da atividade mais ricos e com uma experiência que vão lembrar para toda a vida», concluiu.

Com a abertura do acampamento, terão início as atividades gerais de campo, que consistem em várias dinâmicas diferentes, que passam por visitas a Hiroshima, atividades aquáticas, relacionadas com Cultura, Desenvolvimento e Natureza, sem esquecer a vertente de serviço à comunidade.

No final da cerimónia, Ana Ferreira, chefe do contingente português, mostrou-se muito satisfeita. «O ambiente estava fantástico, sentia-se no ar a antecipação e a energia: bandeiras esvoaçantes, danças, palmas e interação entre todos. Não interessa a língua que se fala, pois aqui estamos todos em comunhão com algo que nos une – os princípios e ideais do escotismo», referiu a dirigente.

Se tudo isto impressiona um adulto, mais ainda um participante. «Para um jovem que participa numa atividade internacional, a cerimónia de abertura é sem dúvida uma das experiências mais marcantes: é o visualizar a manta colorida composta pelos elementos diferentes de cada contingente e perceber a diversidade intrínseca na mesma. É sentir ali, no imediato, a dimensão que o escutismo abrange, tanto em termos geográficos como culturais. Sem dúvida é vivenciar de uma forma mais intensa a fraternidade escutista», concluiu.

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